Imperatriz Dona Amélia do Brasil é destaque de exposição em Munique
A Imperatriz Dona Amélia
Desconhecida de muitos brasileiros, a Imperatriz Dona Amélia é destaque de exposição em Monique.
Sob a curadoria da Baronesa Suzane von Seckendorff e do Conde Heinrich Von Spreti acontece até 30 de setembro de 2010, no Palácio de Leuchtenberg, em Munique, na Alemanha, a exposição “Estritamente Confidencial! – Munique, Rio de Janeiro, Amélia Von Leuchtenberg torna-se Imperatriz do Brasil”. A mostra tem como base o diário do Conde Friedrich Von Spreti, que em 1929 foi responsável pela administração financeira da viagem nupcial da futura Imperatriz ao Brasil. O diário já havia sido editado e transformado em livro em 2008 sobre o título “Das Reisetagebuch des Grafen Friedrich von Spreti: brasilianische Kaiserhochzeit 1829” e agora é personificado através da exposição, como afirma a Baronesa von Seckendorff: "O livro é o cerne da exposição. Transformamos quase 400 páginas em banners e vitrines". O Conde Friedrich von Spreti, em 1929, além de registrar toda a negociação do casamento e a viagem de Dona Amélia, que foi tratada na época como sigilosa, registrou fatos da Corte do Rio de Janeiro. A exposição atesta que antes da vinda para o Brasil, Dona Amélia teve aulas de português e de cultura brasileira.
Sobre a Imperatriz Dona Amélia
Nascida Amélie Auguste Eugénie de Leuchtenberg, Princesa de Leuchtenberg, em Milão, a 31de julho de 1812, a segunda Imperatriz do Brasil era filha de Eugênio de Beauharnais, Príncipe da França, Vice-Rei da Itália, Príncipe de Veneza, Grão Duque de Frankfurt, Duque de Leuchtenberg, Príncipe de Eichstätt e Arquichanceler de Estado do Império Francês, filho dos Viscondes de Beauharnais Josefina e Alexandre de Beauharnais, que mais tarde, com o falecimento do pai e o novo casamento da mãe foi, pelas circunstâncias, enteado e homem de extrema confiança de Napoleão Bonaparte. A mãe de Dona Amélia era a Princesa Augusta Amélia da Baviera, filha do Rei Maximiliano I José da Baviera e da Rainha Augusta Guilhermina, nascida Princesa de Hesse-Darmstadt. Tinha como irmãos a Princesa Carolina Clotilde; nascida e falecida em 1806, a Rainha Josefina (1807-1876); casada com o Rei Oscar I da Suécia e da Noruega, a Princesa Eugênia (1808-1847); casada com o Príncipe Constantino Hohenzollern-Hechingen, o Príncipe Augusto (1810 – 1835); casado com sua enteada D. Maria II, filha de Dom Pedro I, Rainha de Portugal, a Duquesa Teodolinda (1814 – 1857); casada com o Duque Guilherme von Urach e Maximiliano (1817 – 1852); casado com a Grã-Duquesa Maria Nikolaievna, filha de Nicolau I da Rússia.
Educada privativamente nos Palácios da Família, Dona Amélia teve sua apresentação formal a Corte da Baviera em 1828.
Em 1826, no Brasil, faleceu a Imperatriz Dona Leopoldina, primeira esposa do Imperador Dom Pedro I, mãe de seus sucessores. Esteve então, a partir de 1827, o Marquês de Barbacena, em viagem para encontrar uma segunda esposa para o Imperador. Chegando a Europa, muitos eram os nomes para possíveis alianças, mas a Princesa Amélia de Leuchtenberg chamava a atenção pela juventude e beleza, sendo ela a escolhida. Em 30 de junho de 1829, sua mãe, a Duquesa Augusta Amélia, assinou o contrato de casamento, que um mês mais tarde foi confirmado no Brasil. Em 2 de agosto, foi celebrado na Capela do Palácio de Leuchtenberg a cerimônia de casamento, sendo o procurador do Imperador Dom Pedro I, o próprio Marquês de Barbacena. A vinda de Dona Amélia para Brasil deu-sê em meio as turbulências da usurpação do trono de Portugal por Dom Miguel, Trono que Dom Pedro I havia herdado e abdicado em favor da Princesa Dona Maria da Glória, tendo, o navio que trazia a Imperatriz, de passar por portos da Bélgica e Inglaterra, chegando ao Brasil em 16 de outubro de 1829. A bordo do navio também estava o 2º Duque de Leuchtenberg, Príncipe Augusto de Beauharnais, condecorado pelo Imperador como Duque de Santa Cruz, a quem deu a mão de sua filha, a Rainha Dona Maria II de Portugal, em casamento.
Em 17 de outubro daquele ano o casal recebeu as bênçãos na Capela Imperial. O Imperador criou a Imperial Ordem da Rosa para homenagear a esposa e comemorar o casamento.
Pintura de Dona Amélia, datada de 1829, dada à sua mãe
A trajetória de Dona Amélia como Imperatriz foi bastante curta, dada a abdicação de Dom Pedro I em 7 de abril 1831, esteve no Trono efetivamente por apenas 2 anos. Resignada, estudiosa e comprometida, chegou ao Brasil entendendo o português e falando quase perfeitamente o idioma. Aos filhos do marido representou a mãe que haviam perdido, inclusive à filha ilegítima do Imperador, a Duquesa de Goiás, que adotou pra si. Organizou os protocolos do Palácio de São Cristovão, configurando ao lugar, ares da Corte européia.
Em 1831, com a abdicação do Imperador ao Trono do Brasil, embarcaram para a Europa estando ela grávida de 4 meses. Passaram então pelos Açores e França, onde a Imperatriz deu à luz a única filha do casal, Dona Maria Amélia de Bragança, lá também aguardavam por Dom Pedro I que estava liderando as lutas contra o usurpador Dom Manoel, que havia roubado o Trono de Dona Maria da Gloria. Em agosto de 1834, as Cortes de Portugal confirmam a vitória de Dom Pedro I nas batalhas contra os miguelistas, ao conceder o título de Rainha a Dona Maria da Gloria. O Imperador passou a residir com a Imperatriz Dona Amélia e as filhas Dona Maria Amélia e a Duquesa de Goiás no Palácio de Queluz, em Lisboa, onde faleceu em 24 de setembro de 1834. Após a morte do marido, Dona Amélia se dedicou a caridade, ao auxílio dos desprovidos e aos cuidados com a filha e a enteada, retornando a Baviera em 1850. Pouco tempo depois, pelas evoluções da tuberculose da Princesa Dona Maria Amélia, a Imperatriz viu-se obrigada a rumar com a filha para a Ilha da Madeira, em busca de ares favoráveis ao seu tratamento, não obtendo êxito, a Princesa faleceu aos 22 anos de idade em 4 de fevereiro de 1853. A Imperatriz retornou a Lisboa, onde faleceu em 26 de janeiro de 1876. Atualmente Dona Amélia jaz na Cripta Imperial do Monumento à Independência do Brasil, em São Paulo, ao lado do Imperador Dom Pedro I e da Imperatriz Dona Leopoldina.
A Imperatriz já idosa
A exposição “Estritamente Confidencial! – Munique, Rio de Janeiro, Amélia Von Leuchtenberg torna-se Imperatriz do Brasil”, foi organizada pela Sociedade Brasil-Alemanha, que completa 50 anos em 2010, com o apoio do Governo do Estado da Baviera e da Fundação Karl Graf Spreti.
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