Rainha Maria Cristina das Duas-Sicílias será beatificada
A Rainha Maria Cristina das Duas-Sicílias, nascida Princesa de Savoia
Por Dom José Palmeiro Mendes, OSB
Enquanto se fala na canonização do Beato
Carlos da Áustria, último soberano do Império Austro-Húngaro (beatificado pelo
Papa João Paulo II) e da beatificação de sua esposa, Zita, nascida princesa de
Bourbon de Parma (o processo já foi iniciado na França); enquanto
se fala na abertura no Rio de Janeiro do processo de beatificação de nossa Princesa
Dona Isabel, a Redentora – eis que proximamente deverá ser beatificada uma
outra soberana européia. O Papa Francisco autorizou dia 3 de maio passado a Congregação
para a Causa dos Santos promulgar o decreto que reconhece um milagre atribuído
à intercessão de Maria Cristina de Savoia, rainha das Duas Sicílias, falecida
em Nápoles com apenas 23 anos de idade. O milagre representa o passo decisivo
para a beatificação da soberana.
Maria Cristina, princesa de Savoia, nasceu em
Cagliari, na Sardenha, a 14 de novembro de 1812, sendo a filha menor de Vitor
Manuel I, rei da Sardenha e da arquiduquesa Maria Teresa d´Austria-Este. Casou
em 1832 com o rei (desde 1830) Fernando II, tornando-se rainha das Duas Sicílias.
Era de sentimentos religiosíssimos e extremamente devota: católica fervorosa,
tinha que viver numa corte cujo estilo de vida estava muito longe de sua
sensibilidade. Ela faleceu em Caserta a 31 de janeiro de 1836, sem ter completado
24 anos, em consequências de complicações do parto, ao dar à luz seu único
filho, Francisco, que seria Francisco II, último rei das Duas Sicílias (1836-1894),
o qual foi educado no culto de sua mãe, chamada “Rainha Santa”. Fernando II,
menos de um ano depois da morte da esposa, recasou com a arquiduquesa Maria
Teresa da Áustria (do ramo dos duques de Teschen). Tratou, porém, do processo
de beatificação de sua primeira esposa, a qual a 10 de julho de 1859 foi
reconhecida pelo Papa Pio IX como Venerável. O reconhecimento agora do milagre
abre a estrada para a beatificação de Maria Cristina.
Lembremos que o rei Fernando II das Duas Sicilias
era o irmão mais velho da imperatriz do Brasil, Dona Teresa Cristina (1822-1891),
a qual era, portanto sobrinha da futura Beata. De seu segundo casamento com
Maria Teresa da Áustria, teve entre outros filhos, Afonso, conde de Caserta,
que vai suceder ao meio irmão, o rei Francisco II, como chefe da Casa Real de
Bourbon das Duas Sicilias. O conde de Caserta foi o pai, entre outros, de Dona
Maria Pia (1878-1973), esposa do príncipe Dom Luiz de Orleans e Bragança,
Príncipe Imperial do Brasil, do príncipe Dom Carlos, infante de Espanha
(1870-1949), pai da princesa Dona Esperanza de Bourbon, esposa do príncipe Dom
Pedro Gastão de Orleans e Bragança, e da princesa Maria Cristina de Bourbon das
Duas Sicilias (1877-1947), esposa do arquiduque Pedro Fernando da Áustria (são
os avós da arquiduquesa Walburga, esposa de Dom Carlos Tasso de Saxe-Coburgo e
Bragança). Enfim, uma irmã mais velha da futura beata foi a princesa Maria
Teresa de Savoia (1803-1879), esposa de Carlos II, Duque de Parma (são os pais
de Carlos III e avós de Roberto I, Duques de Parma, antepassados, entre outros,
da imperatriz Zita da Áustria e do príncipe Felix de Bourbon de Parma, príncipe
do Luxemburgo, este último sendo avô da princesa Cristina de Ligne, esposa do
príncipe Dom Antonio de Orleans e Bragança).
0 comentários. Clique aqui para comentar também!