800 anos de nascimento de São Luís, Rei da França
O dia 25 de abril marcou os 800 anos de
nascimento de São Luís, Rei e Patrono da França, reconhecido como grande
defensor da fé católica e excepcional estadista, de quem descende, em linha
direta, o atual Chefe da Casa Imperial do Brasil, Dom Luiz de Orleans e
Bragança.
"Começo por querer ensinar-te a amar
ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com todas as forças; pois sem isto
não há salvação. Filho, deves evitar tudo quanto sabes desagradar a Deus, quer
dizer, todo pecado mortal, de tal forma que prefiras ser atormentado por toda
sorte de martírios a cometer um pecado mortal"
Carta testamentária de São Luís,
deixada ao Rei Filipe III, seu filho e
sucessor
São Luís nasceu em Poissy, no norte da
França, no ano de 1214, sendo o quinto filho da Rainha Branca, nascida princesa
castelhana, e de Luís VIII da França. No ano de 1218, com a morte do irmão
Filipe, São Luís passou a ser o herdeiro da Coroa. Seu pai, conhecido como O Leão por ter livrado a França do
gnosticismo, tratou de dar ao Príncipe educação esmerada, pautada na fé
católica, no amor pelo povo e na distinção pelas nobres Causas.
Com apenas 12 anos, São Luís foi sagrado, na
Catedral de Reims, como Rei Luís IX da França, mas durante a sua menoridade
teve como tutora e regente, sua mãe, a Rainha Branca, uma mulher de grande
valor e de notável força política, era filha do Rei Afonso VIII de Castela,
sobrinha dos lendários Reis Ricardo e João - cognominados, respectivamente,
Coração de Leão e Sem Terra - da Inglaterra, sendo também irmã do Rei Henrique
de Castela e da Rainha consorte de Leão, Dona Berengária. Branca era ainda tia
dos Reis Sancho II e Afonso III de Portugal, bem como do Rei Fernando III de
Leão e Castela e, além de mãe de São Luís, o Rei Carlos I da Sicília e Nápoles
era seu 13º filho. É desta célebre Rainha a frase de instrução: “Meu filho, eu
gostaria muito mais ver-te na sepultura, do que maculado por um só pecado
mortal”, que acabou por nortear a vida deste Rei da França.
São Luís casou-se, em maio de 1234, com a
filha da Condessa Beatriz, nascida de Saboia, e do Conde Raimundo IV da
Provença e cunhada do Rei Henrique III da Inglaterra, a bela e astuta Margarida
da Provença, com teve 11 filhos, destacando-se Isabel, a Rainha consorte de
Navarra, o seu sucessor – Filipe III, Margarida, Duquesa de Brabante, Roberto,
Conde de Clermont e Inês, Duquesa de Borgonha. Filhos estes, que, como pai
dileto e cuidadoso, fez questão de pessoalmente educar e dar formação
religiosa, sendo-lhes referência de humildade e de servidor de Deus.
Garantindo o maior período de paz e
prosperidade, fortalecendo o território e a Soberania francesa, São Luís, com o
auxílio de seus súditos, conseguiu afastar do Reino o seu cunhado, o Rei
Henrique III da Inglaterra e através do Tratado de Corbeil, diplomaticamente,
garantiu à França, um extenso território no sul, o qual reivindicava o Rei da Castela
e Aragão. Na administração pública distinguiu-se por determinações, que embora
sejam exemplares, não foram incorporadas integralmente por governos da
atualidade. Determinou que juízes e oficiais, assim como os inspetores -
fiscais de contas, não adquirissem bens de forma ilícita, proibindo cabalmente o
nepotismo. Estabeleceu o Juizado de Apelação, para garantir a efetiva justiça
nos processos, guardando para si o papel de juiz supremo. Eram característicos
de São Luís, o senso de probidade e honestidade, que lhe valeram a posição de
árbitro em situações de conflito na Europa. Tendo sempre muito claro o seu
dever de Rei e defensor do povo, não tolerava excessos e corrupções, punindo
severamente àquele que agisse contra o bem público. Não obstante, quando
surgiam casos de desonestidade, impunha, a si próprio, penitência, como punição
pela má escolha e, como retratação, mandava que restituíssem os que por ventura
haviam sido onerados. Em contraponto, reconhecia e recompensava àqueles que
cumpriam as funções régias com idoneidade e seriedade. Instaurou uma comissão
de finanças, responsável pelo controle geral das contas públicas, servindo de
inspiração ao parlamento da França. Durante
seu reinando, fortaleceram-se as artes, a economia e a política. A França era
então o reino mais poderoso e o exército de São Luís era o mais bem preparado
da Europa.
Mesmo tendo papel preponderante na política,
na cultura e no desenvolvimento da França, São Luís ficou reconhecido por ser
aquele que dedicou a sua existência a Jesus Cristo e à Igreja. Durante seu
reinando, comprovando sua titulação como Rei Cristianíssimo, construiu cinco
das mais belas igrejas da França (Amiens, Rouen, Beauvais, Auxerre e Saint
Germain-em-Laye). Mandou edificar a Sainte-Chapelle, em Paris, para onde fez
transmigrar algumas das mais caras relíquias da cristandade, como a Coroa de
Espinhos e um fragmento da Cruz de Cristo, fazendo da França um centro de
peregrinação que atrai turistas para este fim até os dias de hoje. Durante seu
governo, conforme a vocação e missão da Santa Igreja, São Luís assumiu para si
a tarefa do auxílio na evangelização, tornando possível o que diz o evangelista
São Mateus: "Ide, fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em
nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, ensinando-os a observar tudo
quanto vos mandei" (Mt 28, 19-20), incentivou organizou, financiou e
participou da 7ª e da 8ª Cruzada para libertar a Terra Santa da égide dos muçulmanos.
A magnífica Sainte-Chapelle
A Sétima Cruzada foi resultado de uma
promessa, feita por São Luís, para que alcançasse a cura de uma grave doença,
quando tinha 30 anos. Nesta importante batalha, acompanharam-no, a esposa e os
irmãos Carlos e Roberto. Com a benção apostólica do Papa Inocêncio IV, partiram
para o Chipre, de onde chegaram ao Egito. Morto o irmão Roberto e capturado São
Luís, a Rainha Margarida foi a encarregada pela negociação de sua libertação.
Ainda em solo hostil, São Luís iniciou uma série de atividades diplomáticas com
líderes islâmicos da Síria e do Egito.
Em 1253, pelo falecimento da mãe, São Luís
retornou à França, onde foi aclamado pelo Sumo Pontífice e pelo cunhado, Rei da
Inglaterra. Ainda com este cunhado, assinou o Tratado de Albeville, pondo fim a
primeira etapa da Guerra dos Cem Anos.
São Luís manteve contato com São Tomás de
Aquino e São Boaventura, Doutores da Igreja, dois dos maiores teólogos e filósofos
da História.
No ano de 1270, vendo os crescentes ataques
aos Estados Cruzados, da chamada zona do Levante, e a instabilidade gerada
pelos muçulmanos, São Luís partiu com os filhos, o Rei Eduardo I da Inglaterra
e grande quantidade de Príncipes e Nobres Católicos, para fazer a conversão dos
povos do Oriente, na Oitava Cruzada. Pestes e doenças acabaram por afligir as
tropas e vitimar, inclusive, seu filho, João (nascido na Sétima Cruzada) e ele
próprio, falecendo em 25 de agosto de 1270, pondo fim a este combate. Sua morte
desencadeou uma série de outros falecimentos na Família Real, desperecendo na
mesma época sua nora – Isabel de Aragão, seu Irmão - Afonso III de Poitiers e
sua cunhada, esposa daquele, Joana de Toulouse. Todo o povo da França recebeu
com muita dor e tristeza a morte do seu Rei, que bondoso e piedoso, já era tido
como Santo, mesmo em vida.
A última Comunhão de São Luís,
por Gabriel Francois Doyen
O corpo de São Luís foi levado para a França.
A Tunísia e a Sicília reivindicaram parte de seus órgãos para veneração. Com as
Guerras Religiosas na França, durante a segunda metade do século XVI, seu túmulo
foi violado por Protestantes e seu corpo foi capturado, sendo recuperado apenas
um dos dedos da mão, atualmente guardado na Abadia Real de Saint-Denis. As
relíquias reivindicadas e mantidas pela Sicília foram devolvidas à França e
colocadas na Sainte-Chapelle, onde hoje podem ser visitadas. Outras relíquias
deste Santo podem ser veneradas em vários países, nos cinco continentes.
Biografia de São Luís da França, de autoria do Padre João Dias Rezende Filho, lançada pela Arquidiocese de São Luís do Maranhão em 2013
São Luís foi canonizado pelo Papa Bonifácio
VIII em 1297, sendo reconhecido com São Luís da França e sua festa litúrgica é
celebrada em 25 de agosto, data de sua morte. Pela grande fama de Santidade,
vida virtuosa e por ser verdadeiro modelo de Monarca, inspirou a criação de
inúmeras igrejas, instituições, organizações e cidades em todo o mundo. No
Brasil, o nome da cidade de São Luís, capital do Maranhão, foi dado em
homenagem ao Santo. Além desta
importante ligação com o Brasil, destaca-se que o atual Chefe da Casa Imperial
do Brasil tem São Luís como 22º avô em sua ascendência.
S.A.I.R., o Príncipe Senhor Dom Luiz de Orleans e Bragança,
Chefe da Casa Imperial do Brasil
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