As andanças do príncipe Tinko Czetwertynski, casado com Paola de Orleans e Bragança
Por Ela - Globo
Gustavo Autran
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RIO — Ele rodou o mundo até trocar alianças com a princesa Paola de Orleans e Bragança num cartório na Bélgica, em janeiro. Antes de sair de Paris para o apartamento de 200 metros quadrados em Higienópolis, São Paulo, o príncipe Tinko Czetwertynski morou em Bruxelas, Londres, Nova Délhi, Beirute, Brasília e Daca, capital do Bangladesh. Não, a vida meio nômade do moço não esconde nenhuma angústia ou sentimento incurável de inadequação. No início, as constantes mudanças de endereço eram exigências da rotina profissional do pai, o príncipe Michael Swiatopolk-Czetwertynski, que foi também diplomata. Hoje, aos 34 anos e dono do próprio nariz, ele continua andando por aí, só que movido por sua paixão pela fotografia.
— Aprendi desde criança a morar em cidades diferentes. Tanto que hoje não consigo ficar muito tempo sem sair do lugar. Dá agonia — conta Tinko, que na verdade se chama Constantin.
A saga do príncipe começou aos dois meses de idade, quando a família saiu de Bruxelas, sua cidade natal, e partiu para Londres. Dois anos mais tarde, todos seguiram para Nova Délhi e ficaram por lá até ele, o caçula de dois filhos, completar seis anos. De lá vêm as lembranças mais remotas, de quando frequentava festas em suntuosos palácios de marajás e também dos shows com elefantes adestrados, promovidos no jardim de sua própria casa.
Depois de uma rápida temporada em Bangladesh, Tinko estudou em três internatos na Bélgica, para dominar o francês. O idioma, tirou de letra. Desafio maior foi encarar a comida do colégio Saint-Benôit de Maredsous, que faz parte de uma abadia beneditina, conhecida pela produção de uma cerveja artesanal cultuada. Nessa época, ganhou de um tio sua primeira câmera fotográfica. Nunca mais largou.
— Comecei a fotografar mais quando morei no Líbano, em 1998. Pegava o carro e saía clicando sem saber para onde estava indo. Um dia passei por uma blitz da ONU sem ser visto e fui parado num check-in do exército libanês. O lugar estava tão deserto que os soldados estavam só de cueca. Eles ordenaram que eu voltasse porque já estava muito próximo da zona que na época era ocupada pela tropa israelense — conta ele, que cursou design gráfico com especialização em fotografia na Central Saint Martins College, em Londres.
Hoje ele sabe bem para onde mira suas lentes. Frequentemente viaja para fazer retratos de famílias reais do Oriente Médio, mas prefere não revelar quais são. Ano passado, Tinko fotografou o estilista libanês Elie Saab em Beirute, para a “Vanity Fair”. Recentemente clicou Pelé para a agência Mediacom, responsável pelo gerenciamento da imagem comercial do rei. Nada disso enche os olhos do fotógrafo de sangue nobre, que é zero deslumbrado.
— Nunca tive nenhum sentimento de pertencer a uma elite. Ostentar não é comigo. Claro que é bom ficar em hotéis incríveis, mas gosto muito também de ficar em casa, ver um filme e comer macarrão.
Oriente Médio: ‘Eles são muito discretos’
Mesmo assim, impossível não prestar atenção na opulência das casas que conheceu no Oriente Médio. Algumas lembravam um castelo, com direito a muitas peças decorativas douradas e até pássaros exóticos batendo as asas na sala de estar.
— Pode parecer contraditório, mas eles são muito discretos, não gostam de se expor. Na Arábia Saudita, inclusive, a fotografia não é vista com bons olhos. Eles têm um estilo que muita gente considera cafona, mas também já vi casas bem minimalistas, com poucos móveis e paredes de concreto.
Retrato é uma das coisas que mais gosta de fazer. Foi assim desde que teve em mãos sua primeira máquina, uma Minolta. E agora, casado com Paola, modelo de mão cheia, Tinko não tem do que se queixar.
— Sempre gostei de retrato e as pessoas costumam dizer que consigo resultados bem expressivos. Mas não gosto de luz complicada, fica parecendo que a pessoa está embrulhada num saco plástico. Prefiro luz natural.
É provável que seu espírito desbravador seja herança de família. O antepassado mais antigo de que ele tem notícia é o líder viking Rurik, que cruzou o Mar Báltico no século IX, fundou o principado de Kiev e deu origem à dinastia que reinou na Rússia até o século XVII. Seu bisavô paterno, que não era judeu, morreu em um campo de concentração durante o nazismo. O filho conseguiu fugir e se juntou às forças inglesas que libertaram a França e a Bélgica de Hitler. Já a mãe nasceu em Praga, na República Tcheca, e o avô materno tem origem islandesa. Uma autêntica salada russa.
Paixão entre primos distantes
Tinko e Paola se conheceram na França em junho de 2010. Uma amiga em comum avisou que a pretendente estava dando um giro pela Europa e faria uma parada rápida em Paris. Foi a senha para ele convidá-la para um coquetel na sua casa, pertinho da Madeleine. Mas os dois, que são primos distantes, só engataram namoro duas semanas depois.
— A gente se apaixonou rápido. Ele tem esse espírito curioso, aventureiro, e isso me traz um estímulo muito gostoso. Olhamos para o mesmo horizonte — derrete-se Paola, que em menos de dois anos disse “sim” ao príncipe, numa cerimônia para apenas quinze convidados. Nem a mãe dela conseguiu aparecer.
Para o casório, Tinko optou por um terno Alexander McQueen que ele já tinha no armário. Já Paola apareceu com um discreto Lanvin, que ela penou para encontrar.
— Não encontrar o vestido que sonha nem em Paris... É para ficar desesperada, né? Mas fui salva pela loja da Rue du Faubourg Saint-Honoré — lembra a noiva, que promete um festão no ano que vem para celebrar a união.
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