S.A.I.R., Dona Maria, Imperatriz do Brasil
Dona Maria: a Imperatriz do Brasil
Nascida Maria Isabel Francisca Teresa Josefa
Princesa Real da Baviera, no castelo de Nymphenburg, em Munique, a 9 de
setembro de 1914, S.A.I.R., a Princesa Senhora Dona Maria era a segunda filha do
Príncipe Francisco (Franz) da Baviera e da Princesa Isabelle, Princesa de Croy.
S.A.I.R. Era neta do último monarca da Baviera, o Rei Luís III (1845-1921), foi
regente do reino a partir de 1912, devido à incapacidade do Rei Oto I,
assumindo a coroa com sua morte no ano seguinte, até 1918, quando da
proclamação da república na Alemanha no final de 1918, e de sua esposa, a
Rainha Maria Teresa Henriqueta, nascida Arquiduquesa d´ Áustria-Este.
Ao nascer, portanto, a Princesa pertencia a
uma prestigiosa família real reinante. Efetivamente em 1914, ano de seu
nascimento, o mundo experimentava os infortúnios do início da Primeira Guerra
Mundial, a Família Real da Baviera não ficou imune aos acontecimentos e até
mesmo o Príncipe Francisco envolveu-se na Guerra, sendo general do Exército
bávaro. Em 1918, eclodiu na Alemanha a Revolução Espartaquista, com forte
influência da terrível Revolução Russa de 1917, que acabou por assassinar o
Czar Nicolau II e sua Família. Este movimento era de ideal comunista e
conseguiu primeiramente controlar a região da Baviera. Em 7 de novembro daquele
ano, o Rei Luís III e sua Família, entre eles a pequena Princesa Dona Maria,
foram obrigados a partir de Munique. O Rei foi o primeiro a ser deposto e a
Família passou a sofrer a hostilidade dos revoltosos. A Família Real da
Baviera, contudo, conservou todo o seu prestígio, tendo-se inclusive falado em
certa época na hipótese de uma restauração da monarquia na Baviera, integrando
a República Alemã.
A Rainha Maria Teresa, avó de Dona Maria,
herdou de sua família um riquíssimo patrimônio, que incluía propriedades na
Moravia e Sárvár, na Hungria. Neste último país, num castelo de mesmo nome da
localidade, Dona Maria passou a infância. Seu avô, por ameaças, teve ainda de
se transferir para o Liechtenstein e para a Suíça. Neste contexto a infância da
Princesa Dona Maria foi bastante conturbada e até mesmo traumática. Na década
de 30, a Família retornou à Baviera e parte de seus bens foram devolvidos pelo
governo republicano. Seu avô, o Rei Luís III, faleceu em 1921 (mesmo ano da
morte da Princesa Dona Isabel, a Redentora), deixando como herdeiro o filho
mais velho, tio de Dona Maria, o Príncipe Rupprecht. O Príncipe se declarou
contra o regime nazista, sendo sua esposa, a Princesa Antonieta, nascida
Princesa do Luxemburgo – irmã da Grã-Duquesa Carlota do Luxemburgo, e seus
filhos, capturados em 1944 e levados para o campo de concentração de
Sachsenhausen, em Oranienburg, Brandemburgo e anos mais tarde foram levados a
Dachau e lá, libertados pelo exército norte-americano. A Princesa não resistiu
e faleceu anos depois. A Família teve de se exilar na Itália. O nazismo
ensejava a Segunda Guerra Mundial.
Dona Maria, a extrema direita, com os pais e irmãos, pouco tempo antes do noivado
Imagem: Blog Monarquia Já
Em 19 de agosto de 1937, a Princesa Dona
Maria foi desposada na capela do Castelo de Nymphenburg pelo Príncipe Dom Pedro
Henrique Afonso Filipe Maria Gastão Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Orleans e
Bragança, Herdeiro dos Imperadores do Brasil, Chefe da Casa Imperial, de jure,
S.M.I., o Imperador Senhor Dom Pedro III do Brasil. A cerimônia foi assistida
por dois Soberanos, a Grã-Duquesa Carlota do Luxemburgo e o Rei Alfonso XIII da
Espanha, além do Chefe da Casa Real das Duas Sicilias o Príncipe Ferdinando,
Duque de Calábria, tio de Dom Pedro Henrique, e os Príncipes Herdeiros da
França, Condes de Paris (ela Princesa Dona Isabel de Orleans e Bragança, prima
irmã de Dom Pedro Henrique), além de outros da realeza e da nobreza. O tio de
Dona Maria, o Príncipe Rupprecht, também presente, aproveitou a ocasião para
mostrar sua indiferença aos comandantes nazistas, não os convidando para o
enlace. O casamento de Dona Maria foi notícia também pelo fato do celebrante, o
cardeal Faulhaber, arcebispo de Munique, ter aproveitado a ocasião para, no
sermão, tecer críticas ao nazismo.
Impedidos pelos trágicos acontecimentos na
Europa de vir ao Brasil, e conseqüentemente afetados pelas sanções impostadas
pelos nazistas aos parentes e as mortes derivadas das ações daquele grupo, o
casal fixou-se primeiramente em Mandelieu, na França, onde habitava Dona Maria
Pia, mãe de Dom Pedro Henrique. Ali nasceram o Príncipe Dom Luiz, atual Chefe
da Casa Imperial do Brasil (1938), Dom Eudes (1939) e Dom Bertrand (1941),
atual Príncipe Imperial do Brasil. Pelas precipitações da Segunda Grande
Guerra, Dom Pedro Henrique teve de se refugiar com a esposa e os filhos em La
Bourbole, em Puy-de-Dôme, região central da França, aonde as violências da
guerra provavelmente não chegariam. Lá nasceu Dona Isabel (1944).
O casamento em Munique e os membros do Gotha
Imagem: Blog Monarquia Já
O ano de 1945 foi decisivo para a vida de
Dona Maria, visto que precisaria deixar a Europa, onde era cercada por parentes
próximos e queridos, para finalmente fixar residência no Brasil, realizando o
sonho de seu marido. Em maio daquele ano o navio Serpa Pinto deixou Portugal e
rumou para a América do Sul, num roteiro raro naqueles tempos de guerra. Em 17
de maio de 1945 a Família Imperial assistiu a Primeira Comunhão da Princesa
Diana de França, filha da Condessa de Paris, em Pamplona, na Espanha,
embarcando depois Dom Pedro Henrique e Dona Maria (grávida) e seus cinco
filhos, para o Brasil. O embarque não agradou inicialmente a sogra, a Princesa
Dona Maria Pia, que achava errado Dona Maria fazer esta longa viagem estando
grávida. Pelos acontecimentos da guerra
e a dificuldade de se arranjar meio de transporte para o Brasil, Dona Maria Pia
acabou consentindo e admitindo a necessidade da viagem.
Em Petrópolis, Dona Maria deu a luz, no ano
de 1945, ao Príncipe Dom Pedro de Alcântara. Na chegada ao Brasil ocorreu um
doloroso episódio: o Príncipe Dom Pedro Henrique foi informado pelo primo, Dom
Pedro Gastão, sobre sua condição de ex-sócio da Companhia Imobiliária de
Petrópolis, a empresa constituída para administrar a antiga Fazenda Imperial de
Petrópolis. Dom Pedro Henrique residiu certo tempo em Petrópolis, numa casa no
bairro do Retiro. Já no Rio de Janeiro, em 1948 nasceu Dom Fernando e, em 1950,
Dom Antonio. Dom Pedro Henrique e Dona Maria passaram por um período de grande
dificuldade, tendo que alugar uma casa no bairro de Santa Teresa. Apenas em 1951 conseguiu Dom Pedro Henrique
comprar uma propriedade agrícola, que denominou Fazenda Santa Maria, na cidade
de Jacarezinho, no Estado do Paraná. Lá nasceram Dona Eleonora (1953) e Dom
Francisco (1955). E em Jundiaí do Sul, também no Paraná, nasceram Dom Alberto
(1957) as Princesas gêmeas, Dona Maria Gabriela e Dona Maria Teresa (1959). Em
1965, necessitando estar mais próximo dos grandes centros, Dom Pedro Henrique
vendeu a Fazenda Santa Maria e comprou, em Vassouras, o sítio Santa Maria,
conservado na família até os dias atuais.
A Princesa Dona Maria acompanhada dos 12 filhos no aniversário de 90 anos
Imagem: divulgação
Em 5 de julho de 1981, faleceu o Príncipe Dom
Pedro de Alcântara, deixando viúva a Princesa Dona Maria. Ascendeu a Chefia da
Casa imperial o seu filho, Dom Luiz.
A vida de Dona Maria, nas condições que a
divina providência lhe colocou, fizeram-na uma grande senhora. Ícone de uma
geração de grandes Damas do Gotha.
Depois da morte do marido, a Princesa Dona
Maria passou a morar num apartamento na rua Custódio Serrão, na Lagoa, na
cidade do Rio de Janeiro, com sua filha,
a Princesa Dona Isabel. Nos últimos anos foi enfraquecendo lentamente, sendo
sempre sustentada por sua grande fé religiosa. Referência da Família, a Princesa
sempre foi amada pelos 12 filhos, 25 netos e também pelos pequenos bisnetos e
reverenciada pelos monarquistas brasileiros. O Clube de Engenharia, há anos
atrás, a considerou a Mãe do Ano.
Dona Maria e seu filho, Dom Luiz de Orleans e Bragança, atual Chefe da Casa Imperial do Brasil
Imagem: divulgação
Prima do Herdeiro do Trono da Baviera, Franz,
Duque da Baviera, 77 anos (neto do Príncipe Rupprecht), Dona Maria teve cinco
irmãos: o Príncipe Ludwig, falecido em 2008 com 95 anos, casado com sua prima,
a Princesa Irmgard da Baviera (são os pais do Príncipe Luitpold, 60 anos, cujo
casamento com Beatrix Wiegand, Herdeiro de Franz, Duque da Baviera, que é
solteiro – esteve no Brasil em 2009 para o casamento da Princesa Dona Isabel
com o conde Alexander de Stolberg); a Princesa Aldegunda, falecida em 2004, com
87 anos, esposa de Zdenko, Barão von Hoenning-O´Carroll; a Princesa Eleonora,
falecida em 2009, com 91 anos, esposa de Constantino, Conde von Waldburg zu
Zeil und Trauchburg; a Princesa Dorotéia, falecida em 2015, com 95 anos, que
casou com Gottfried, Arquiduque d´Austria e Grão-duque de Toscana; o Príncipe
Rasso, falecido em 2012 aos 86 anos, casado com a Arquiduquesa Teresa da
Áustria (são os pais, entre outros filhos, da Princesa Gisela, esposa do
Príncipe Alexander de Saxe-Gessaphe, Chefe da Casa Real da Saxônia,).
A Princesa Senhora Dona Maria faleceu no dia
13 de maio de 2011, foi velada na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição,
no centro de Vassouras, com missa de Corpo Presente, o sepultamento ocorreu no
jazigo da Família Imperial no cemitério daquela cidade.
Dom Pedro Henrique e Dona Maria na Fazenda Santa Maria, em Jacarezinho, para a Revista "O Cruzeiro"
Imagem: Revista "O Cruzeiro"
Era Dama Grã-Cruz de todas as Ordens Imperais
e das Ordens de Santa Isabel, de Portugal, de Santa Teresa, da Baviera, da
Ordem Constantiniana de São Jorge, da Casa Real de Bourbon Duas-Sícilias.
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