Dom Luiz, O Príncipe Perfeito
Sua Alteza Imperial e Real, o Senhor Dom Luiz de Orleans e Bragança,
Príncipe Imperial do Brasil
(* 1878 + 1920)
“Homem como poucos, Príncipe como nenhum”.
Rei Albert I dos belgas sobre Dom Luiz.
Dom Luís Maria Filipe Pedro de Alcântara Gastão Miguel Rafael Gonzaga de Orleans e Bragança nasceu em Petrópolis no dia 26 de janeiro de 1878. Foi o segundo filho e Herdeiro da Princesa Isabel do Brasil e do Conde d’Eu. Era, por parte materna, neto de Sua Majestade Imperial, o Senhor Dom Pedro II e da Imperatriz Dona Teresa Cristina. Pela parte paterna, seus avôs eram o Príncipe Louis Charles, Duque de Nemours e a Princesa Victoria de Saxe-Coburgo-Kohary, Duquesa de Nemours, da realeza francesa.
Dom Luiz, quando criança, brinca com dois macacos nos jardins da Palácio Imperial de Petrópolis
Dom Luiz, desde muito cedo, na erudição mantida por seu aio, o Barão de Ramiz, já se destacava por sua perspicácia, astúcia e inteligência. No auge da campanha abolicionista, o Príncipe e seus dois irmãos eram editores de um jornal pró-abolição. O príncipe sempre se revelou um estudioso, e desde sempre se dedicou a escrever compilações.
Em 1889, ele e seus irmãos se viram forçados a rumar para a Europa, no exílio forçado. Nos dias anteriores ao golpe, os Príncipes foram levados a Petrópolis, para em segurança, passarem uma temporada, quando de repente receberam a notícia que havia sido proclamada a república no Brasil. Partiram para Portugal e depois para a França. Lá o Príncipe viveu o resto da infância e a juventude. Em 1898, então com 20 anos de idade, Dom Luiz passou a fazer parte da escola Militar de Wiener Neustadt, do Império Austro-Húngaro.
Dom Luiz numa aeronave: coragem e astúcia
Munido de coragem e do espírito aventureiro, no ano de 1896, o Príncipe escalou o Mont Blanc, depois em 1906, Dom Luiz partiu para uma excursão ao Sul da África e para uma ousada expedição à Ásia Central e à Índia. Estas aventuras deram origens a diversos trabalhos que publicou.
Em 1907, num gesto de amor a Pátria, quando ainda seu irmão mais velho, Dom Pedro de Alcântara, não havia renunciado em seu favor, o Príncipe Dom Luiz embarcou para o Brasil, contrariando a Lei de Banimento, ainda em vigor. Embarcou com destino ao Rio de Janeiro, onde causou grande júbilo e alegria. A revista “BR História”, edição nº 4, da editora Duetto, no ano de 2007, diz que o fato foi "noticiado nos jornais, o episódio alcançou grande repercussão nos meios políticos, colocando a família imperial no centro das atenções e muitos monarquistas e curiosos vieram recebê-lo". Dom Luiz foi impedido de desembarcar em solo brasileiro (veja o Habeas Corpus abaixo). Mas, mesmo embarcado no paquete Amazone, recebeu personalidades, ilustres senhores, lideranças monarquistas de então, ocasião em que discorreram sobre a situação política do país e sobre as ações da Família Imperial. Esta demonstração de patriotismo tornou-se o livro “Sob o Cruzeiro do Sul”, de 1913.
Cartão ilustrando a chegada de Dom Luiz ao Rio de Janeiro, em 1907. Mesmo embarcado no paquete Amazone, recebeu autoridades e admiradores
Voltando a França, em 1908, Dom Luiz ficou noivo de Dona Maria Pia de Bourbon Duas-Sicílias, filha de Dom Alfonso, Conde de Caserta e Chefe da Casa Real das Duas-Sicílias, sobrinha-neta da Imperatriz Dona Teresa Cristina, do Brasil e neta do Rei Fernando II das Duas-Sicílias. No mesmo ano, o irmão de Dom Luiz, Dom Pedro de Alcântara, até então herdeiro, renunciou ao direitos ao Trono do Brasil em seu favor, para se casar com uma Condessa tcheca. A renúncia deu-se em Cannes, a 30 de outubro de 1908. Este documento foi enviado aos monarquistas do Brasil no Diretório Monárquico, seguido de uma carta de Dona Isabel:
Cartão de noivado
Exmos. Srs. Membros do Diretório Monárquico
De todo coração agradeço-lhes as felicitações pelos consórcios de meus queridos filhos Pedro e Luís. O do Luís teve lugar em Cannes no dia 4 com todo o brilho que desejava para ato tão solene da vida de meu sucessor no Trono do Brasil. Fiquei satisfeitíssima. O do Pedro deve ter lugar no dia 14 próximo. Antes do casamento do Luís assinou ele sua renúncia à coroa do Brasil, e aqui lha envio, guardando eu papel idêntico. Acho que deve ser publicada essa notícia o quanto antes (os senhores quererão fazê-lo da forma que julgarem mais adequada) a fim de evitar-se a formação de partidos que seriam um grande mal para nosso país. Pedro continuará a amar sua pátria, e prestará a seu irmão todo o apoio que for necessário e estiver ao seu alcance. Graças a Deus são muito unidos. Luís ocupar-se-á ativamente de tudo o que disser a respeito à monarquia e qualquer bem para nossa terra. Sem desistir por ora de meus direitos quero que ele esteja ao fato de tudo a fim de preparar-se para a posição à qual de todo coração desejo que um dia ele chegue. Queiram pois escrever-lhe todas as vezes que julgarem necessário pondo-o ao par de tudo o que for dando. Minhas forças já não são o que eram, mas meu coração é o mesmo para amar minha pátria e todos aqueles que nos são tão dedicados.
Toda a minha amizade e confiança
Isabel Condessa D´Eu
Dom Luiz casou-se em 4 de novembro de 1908, numa cerimônia apreciada pelos membros do Gotha. Compareceram Chefes de Casas Reais e membros da nobreza de toda a Europa.
Em 1909 nascia o primeiro neto da Redentora, Dom Pedro Henrique. Ele desde sempre nutriu grande amor pelos avôs e os avôs por ele. O escritor Roderick Barman, no livro “Princesa Isabel do Brasil: gênero e poder no século XIX”, editora UNESP, de 2005, ressalta a carta de Dona Isabel falando do neto a uma amiga: “envio-lhe uma fotografia minha com meus netos do Luís. Pedro Henrique cada vez se desenvolve mais e é criança inteligentíssima. Os avós têm um amor especial pelos queridos netinhos". Além de Dom Pedro Henrique, Dom Luiz e Dona Maria Pia tiveram Dom Luiz Gastão, nascido em 1911 e falecido, prematuramente, em 1931, Dona Pia Maria, nascida em 1913, Condessa de Nicolay por casamento, falecida em 2000.
Em pé: Dom Luiz e Dona Maria Pia. Sentados: Dom Pedro Henrique, Dona Isabel, Dona Pia Maria, Conde d'Eu e Dom Luiz Gastão
Em 1908, então, o Príncipe Dom Luiz pode finalmente reunir todas as forças em prol da Causa Monárquica Brasileira. Em 1909 apresentou um manifesto aos Brasileiros, documento de grande valia, onde se conseguiu reunir um grande número de monarquistas em torno da Causa. Começou-se uma intensa campanha monarquista, em todos os cantos do Brasil, reuniram-se como forma de apoio ao Príncipe, à Família Imperial e a monarquia. Dom Luiz retribuía os gestos de aclamação, com as ações possíveis, mesmo no exílio. Em carta a Martin Francisco de Andrada III, o Príncipe dizia: "quanto me custa ficar aqui, de braços cruzados, quando penso que um punhado de homens decididos bastaria para arrancar a Pátria das garras dos aventureiros que a exploram."
Dom Luiz e Dona Isabel, França
Em 1914, Dom Luiz, que também amava o exercício das funções militares, aderiu novamente ao Exército, desta vez o inglês.
Dom Antonio e Dom Luiz, os irmãos na I Grande Guerra
Em 1915 adquiriu um raríssimo tipo de reumatismo ósseo, que acabou o vitimando fatalmente. Após algum tempo padecendo da moléstia teve descanso em 26 de março de 1920, com seu falecimento. Pelos feitos heróicos, nas trincheiras que lhe tomaram a vida, ganhou inúmeras medalhas e condecorações: Legião de Honra, no grau de cavaleiro, e a Cruz de Guerra, pelo governo francês; Medalha Militar do Yser, pelo rei Alberto I da Bélgica; a British War Medal, a Victory Medal e Star pelo Reino Unido da Grã-Bretanha, a Grão Cruz da Ordem de Carlos III, da Espanha.
O Rei Albert I dos belgas o evidenciou: “Homem como poucos, Príncipe como nenhum”.
Aguarda-se com interesse a publicação (possivelmente em 2010) de uma biografia do Príncipe Dom Luis de autoria da conceituada historiadora paulista Teresa Malatian, conhecida sobretudo pelo seu interessante estudo sobre o movimento Patrianovista, "Império e Missão - um novo monarquismo brasileiro" (Companhia Editora Nacional, São Paulo 2001).
O Rei Albert I dos belgas o evidenciou: “Homem como poucos, Príncipe como nenhum”.
Aguarda-se com interesse a publicação (possivelmente em 2010) de uma biografia do Príncipe Dom Luis de autoria da conceituada historiadora paulista Teresa Malatian, conhecida sobretudo pelo seu interessante estudo sobre o movimento Patrianovista, "Império e Missão - um novo monarquismo brasileiro" (Companhia Editora Nacional, São Paulo 2001).
As vésperas dos 90 anos de seu falecimento, esperamos pelo translado dos restos mortais do Príncipe Dom Luiz, bem como os da Princesa Dona Maria Pia, que jazem em Dreux, França, quando então os brasileiros terão a honra de receberem em seu solo os Príncipes tão patriotas e lutadores pelo povo do Brasil.
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