Theatro Pedro II celebra 80 anos de história em Ribeirão Preto
Representante da Coroa esteve na solenidade pelo aniversário do prédio histórico
09/10/2010 - 13:09
Os 80 anos do Theatro Pedro II, uma das maiores referências culturais da cidade e do país, foram celebrados na noite de sexta-feira (8), em Ribeirão Preto. Além de autoridades políticas e militares, e de convidados, a Sala dos Espelhos recebeu a presença do conselheiro da Casa Imperial do Brasil e da fundação Pró-Monarquia, Ciro Moss Davino, representante do Príncipe Bertrand de Orleans e Bragança (trineto do Imperador Dom Pedro II), que não pode comparecer à solenidade por motivo de saúde.
Em seu discurso, Davino parabenizou a todos aqueles que, ao longo desses anos, contribuíram para a manutenção do prédio, um dos mais belos do país. “Manifesto uma enorme satisfação pelo cuidado que Ribeirão Preto tem com esse patrimônio. O agradecimento vai em nome da perseverança de todos que de uma forma ou de outra abraçaram o Theatro Pedro II", disse.
Segundo o presidente da Fundação Dom Pedro II, Josué de Lima Peixoto, o prédio foi batizado com o nome do imperador depois que uma pesquisa feita em 1930 apontou o nome do monarca como o preferido entre os ribeirãopretanos.
Para Davino, a homenagem é justa, já que Pedro II foi um grande incentivador da arte. “O povo gentilmente escolheu o nome do imperador para batizar a maior joia da cidade, um justo tributo ao homem que por 49 anos esteve à frente do Brasil. Dom Pedro II foi um grande mecenas e tutor das artes. Foi amigo de Victor Hugo, Thomas Edson, Charcot...e financiou estudos de vários artistas, entre eles o pintor Pedro Américo. Enfim, sua vida sempre esteve voltada ao campo das artes”, afirma.
A prefeita Dárcy Vera lembrou que o Theatro Pedro II é o cartão-postal de Ribeirão Preto, o maior símbolo da cidade. Ela disse ainda que o prédio imponente localizado no coração de Ribeirão mexe com a curiosidade das pessoas, tamanha a sua imponência.
Ao final da cerimônia, vários convidados foram homenageados com uma edição comemorativa dos 80 anos do Theatro. O gerente regional da EPTV, Marcos Frateschi, recebeu o presente em nome do fundador da emissora, José Bonifácio Coutinho Nogueira, ex-presidente da Fundação Dom Pedro II.
80 anos de história
Inaugurado em 8 de outubro de 1930, na Praça XV de Novembro, o Theatro Pedro II vem encantando plateias de todas as partes do Brasil e do mundo.
Diante de sua arquitetura, é difícil passar pelo prédio sem deixar de contemplá-lo por alguns instantes. “Passo por aqui todos os dias, e não deixo de olhar e admirar o prédio. Para mim é o lugar mais exuberante da cidade”, diz a empresária Sara Lima.
Mais à frente, um grupo de universitários faz fotos em frente ao prédio. “Somos de São Paulo e não há vir a Ribeirão e não conhecer o Pinguim, famoso pelo chope, e o Theatro Pedro II, pela sua importância cultural”, diz Luciano Cavalcanti, estudante de psicologia.
No banco da praça, o aposentado Júlio Casagrande, de 68 anos, contempla o prédio. “Venho aqui todos os dias e não me canso de fitar o "Pedrão". Sua presença nos dá uma sensação de força. É um orgulho para a cidade ter algo tão belo e de tamanha importância para o Brasil”, afirma.
O projeto original do arquiteto Hypoólito Gustavo Pujol Junior foi inspirado no Teatro de Ópera de Paris. Idealizado e construído pelo empresário João Meira Júnior, o prédio foi um presente dado por ele à cidade na época de ouro do café. O interior do prédio apresenta características do Iluminismo francês e do Art déco; na fachada fortes influências do Barroco italiano.
Incêndio
Um dos episódios mais marcantes da história do Theatro é o incêndio ocorrido em 1980, que "calou" o prédio por 16 anos. A cobertura, o forro do palco e o interior do Pedro II foram destruídos pelas chamas que começaram na exibição do filme “Os Três Mosqueteiros Trapalhões”.
Antes disso, desde 1970, o interior do Theatro já havia perdido grande parte de seus elementos, sendo descaracterizado para abrigar o cinema. Segundo o presidente da Fundação, Josué de Lima Peixoto, a grande mobilização de artistas da cidade e de todo o país foi o que deu início à luta pela recuperação do patrimônio.
Em maio de 1982, o prédio foi tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo).
Restauração
Milhares de profissionais de várias áreas contribuíram na reconstrução do Theatro, que começou em 1991. Atualmente, o Pedro II ostenta o título de 2º maior teatro de ópera do Brasil, ficando atrás apenas do Municipal de São Paulo.
Na época da restauração, pessoas do Brasil inteiro participaram dos trabalhos, pois não havia profissionais de restauro suficientes apenas em Ribeirão Preto. O teto construído em forma de ondas foi desenvolvido pela artista plástica Tomie Ohtake, que lhe deu um ar contemporâneo. “Havia gente que saía daqui de Ribeirão e ia para São Paulo trabalhar com Tomie Ohtake para desenvolver o projeto do teto”, conta Peixoto. “No centro há uma luminária em forma de pingo, que pesa 1,5 tonelada, e é retirada manualmente uma vez por ano para passar por manutenção.”
Espetáculos
Peças e orquestras do Brasil e do mundo passaram pelo Pedro II. Ao longo de sua trajetória, o palco recebeu nomes como Tarcísio Meira, Paulo Goulart, Glória Menezes, Juca de Oliveira, Ney Matogrosso, Marisa Monte, Filarmônica de Israel, entre outros. Em 1998, o bailarino Mikhail Baryshnikov se apresentou no Theatro e, como recordação, deixou uma de suas sapatilhas no local. Junto dela, um registro com os dizeres ‘Muito obrigado pela hospitalidade’.
“Hoje, recebemos ligações de todos os lugares de artistas que querem se apresentar aqui. É uma satisfação muito grande, porque isso é fruto do trabalho desenvolvido pelas pessoas envolvidas na manutenção do patrimônio”, diz o presidente.
Popular
A agenda dos espetáculos é cuidadosamente preparada para oferecer atrações de qualidade e a fundação tem parte na arrecadação da bilheteria. “A renda é destinada ao pagamento das despesas e também aos projetos, entre eles o Amigos da Casa, que contempla os artistas de Ribeirão Preto. Eles agora têm a oportunidade de se apresentar no palco do Theatro”, explica Peixoto.
“Temos democratizado o Theatro, mas sem perder o glamour e a beleza. A visitação pública e os espetáculos com preços mais acessíveis têm contribuído para trazer o público ao local, desvencilhando-se um pouco da sua imagem elitizada. Com isso, mais pessoas têm a chance de conhecer o Pedro II.”
Em seu discurso, Davino parabenizou a todos aqueles que, ao longo desses anos, contribuíram para a manutenção do prédio, um dos mais belos do país. “Manifesto uma enorme satisfação pelo cuidado que Ribeirão Preto tem com esse patrimônio. O agradecimento vai em nome da perseverança de todos que de uma forma ou de outra abraçaram o Theatro Pedro II", disse.
Segundo o presidente da Fundação Dom Pedro II, Josué de Lima Peixoto, o prédio foi batizado com o nome do imperador depois que uma pesquisa feita em 1930 apontou o nome do monarca como o preferido entre os ribeirãopretanos.
Para Davino, a homenagem é justa, já que Pedro II foi um grande incentivador da arte. “O povo gentilmente escolheu o nome do imperador para batizar a maior joia da cidade, um justo tributo ao homem que por 49 anos esteve à frente do Brasil. Dom Pedro II foi um grande mecenas e tutor das artes. Foi amigo de Victor Hugo, Thomas Edson, Charcot...e financiou estudos de vários artistas, entre eles o pintor Pedro Américo. Enfim, sua vida sempre esteve voltada ao campo das artes”, afirma.
A prefeita Dárcy Vera lembrou que o Theatro Pedro II é o cartão-postal de Ribeirão Preto, o maior símbolo da cidade. Ela disse ainda que o prédio imponente localizado no coração de Ribeirão mexe com a curiosidade das pessoas, tamanha a sua imponência.
Ao final da cerimônia, vários convidados foram homenageados com uma edição comemorativa dos 80 anos do Theatro. O gerente regional da EPTV, Marcos Frateschi, recebeu o presente em nome do fundador da emissora, José Bonifácio Coutinho Nogueira, ex-presidente da Fundação Dom Pedro II.
80 anos de história
Inaugurado em 8 de outubro de 1930, na Praça XV de Novembro, o Theatro Pedro II vem encantando plateias de todas as partes do Brasil e do mundo.
Diante de sua arquitetura, é difícil passar pelo prédio sem deixar de contemplá-lo por alguns instantes. “Passo por aqui todos os dias, e não deixo de olhar e admirar o prédio. Para mim é o lugar mais exuberante da cidade”, diz a empresária Sara Lima.
Mais à frente, um grupo de universitários faz fotos em frente ao prédio. “Somos de São Paulo e não há vir a Ribeirão e não conhecer o Pinguim, famoso pelo chope, e o Theatro Pedro II, pela sua importância cultural”, diz Luciano Cavalcanti, estudante de psicologia.
No banco da praça, o aposentado Júlio Casagrande, de 68 anos, contempla o prédio. “Venho aqui todos os dias e não me canso de fitar o "Pedrão". Sua presença nos dá uma sensação de força. É um orgulho para a cidade ter algo tão belo e de tamanha importância para o Brasil”, afirma.
O projeto original do arquiteto Hypoólito Gustavo Pujol Junior foi inspirado no Teatro de Ópera de Paris. Idealizado e construído pelo empresário João Meira Júnior, o prédio foi um presente dado por ele à cidade na época de ouro do café. O interior do prédio apresenta características do Iluminismo francês e do Art déco; na fachada fortes influências do Barroco italiano.
Incêndio
Um dos episódios mais marcantes da história do Theatro é o incêndio ocorrido em 1980, que "calou" o prédio por 16 anos. A cobertura, o forro do palco e o interior do Pedro II foram destruídos pelas chamas que começaram na exibição do filme “Os Três Mosqueteiros Trapalhões”.
Antes disso, desde 1970, o interior do Theatro já havia perdido grande parte de seus elementos, sendo descaracterizado para abrigar o cinema. Segundo o presidente da Fundação, Josué de Lima Peixoto, a grande mobilização de artistas da cidade e de todo o país foi o que deu início à luta pela recuperação do patrimônio.
Em maio de 1982, o prédio foi tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo).
Restauração
Milhares de profissionais de várias áreas contribuíram na reconstrução do Theatro, que começou em 1991. Atualmente, o Pedro II ostenta o título de 2º maior teatro de ópera do Brasil, ficando atrás apenas do Municipal de São Paulo.
Na época da restauração, pessoas do Brasil inteiro participaram dos trabalhos, pois não havia profissionais de restauro suficientes apenas em Ribeirão Preto. O teto construído em forma de ondas foi desenvolvido pela artista plástica Tomie Ohtake, que lhe deu um ar contemporâneo. “Havia gente que saía daqui de Ribeirão e ia para São Paulo trabalhar com Tomie Ohtake para desenvolver o projeto do teto”, conta Peixoto. “No centro há uma luminária em forma de pingo, que pesa 1,5 tonelada, e é retirada manualmente uma vez por ano para passar por manutenção.”
Espetáculos
Peças e orquestras do Brasil e do mundo passaram pelo Pedro II. Ao longo de sua trajetória, o palco recebeu nomes como Tarcísio Meira, Paulo Goulart, Glória Menezes, Juca de Oliveira, Ney Matogrosso, Marisa Monte, Filarmônica de Israel, entre outros. Em 1998, o bailarino Mikhail Baryshnikov se apresentou no Theatro e, como recordação, deixou uma de suas sapatilhas no local. Junto dela, um registro com os dizeres ‘Muito obrigado pela hospitalidade’.
“Hoje, recebemos ligações de todos os lugares de artistas que querem se apresentar aqui. É uma satisfação muito grande, porque isso é fruto do trabalho desenvolvido pelas pessoas envolvidas na manutenção do patrimônio”, diz o presidente.
Popular
A agenda dos espetáculos é cuidadosamente preparada para oferecer atrações de qualidade e a fundação tem parte na arrecadação da bilheteria. “A renda é destinada ao pagamento das despesas e também aos projetos, entre eles o Amigos da Casa, que contempla os artistas de Ribeirão Preto. Eles agora têm a oportunidade de se apresentar no palco do Theatro”, explica Peixoto.
“Temos democratizado o Theatro, mas sem perder o glamour e a beleza. A visitação pública e os espetáculos com preços mais acessíveis têm contribuído para trazer o público ao local, desvencilhando-se um pouco da sua imagem elitizada. Com isso, mais pessoas têm a chance de conhecer o Pedro II.”
Mitos
A história de que existe uma passagem secreta dentro do prédio é uma verdade. “Os barões do café vinham assistir aos espetáculos acompanhados de suas esposas, mas sorrateiramente, saíam do prédio por essa passagem que dá acesso ao Palace e iam ao encontro das hóspedes, que eram dançarinas francesas”, diz Peixoto.
A passagem foi fechada, mas a porta foi mantida no corredor. Quanto à lenda de que existiria também uma passagem do Theatro para o prédio onde fica o Pinguim, o presidente desmente.
Peixoto foi um frequentador da famosa “Caverna do Diabo”, que funcionou no subsolo do Theatro entre 1959 e 1970 e, que, hoje, dá espaço ao auditório Meira Júnior. A área abrigava um cassino e grandes bailes de carnaval. Na entrada havia, de fato, uma figura que representava a cara do diabo.
Futuro
Toda a documentação referente ao Theatro Pedro II passará por um processo de informatização. De acordo com Peixoto, em breve, todas as informações referentes à história do prédio estarão disponíveis na internet para que a população possa ter acesso a esses dados e fique cada vez mais próxima desse patrimônio.
A história de que existe uma passagem secreta dentro do prédio é uma verdade. “Os barões do café vinham assistir aos espetáculos acompanhados de suas esposas, mas sorrateiramente, saíam do prédio por essa passagem que dá acesso ao Palace e iam ao encontro das hóspedes, que eram dançarinas francesas”, diz Peixoto.
A passagem foi fechada, mas a porta foi mantida no corredor. Quanto à lenda de que existiria também uma passagem do Theatro para o prédio onde fica o Pinguim, o presidente desmente.
Peixoto foi um frequentador da famosa “Caverna do Diabo”, que funcionou no subsolo do Theatro entre 1959 e 1970 e, que, hoje, dá espaço ao auditório Meira Júnior. A área abrigava um cassino e grandes bailes de carnaval. Na entrada havia, de fato, uma figura que representava a cara do diabo.
Futuro
Toda a documentação referente ao Theatro Pedro II passará por um processo de informatização. De acordo com Peixoto, em breve, todas as informações referentes à história do prédio estarão disponíveis na internet para que a população possa ter acesso a esses dados e fique cada vez mais próxima desse patrimônio.
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